29 agosto 2007
Cresce, e muito, a possibilidade de manutenção da Selic em 11,5% na próxima reunião do Comitê de Política Monetária.
Especialmente após o resultado do IGP-M, divulgado agora pela manhã pela FGV. O repasse da desvalorização cambial para os preços no atacado foi bem superior ao esperado.
E, no mercado financeio, novas 'emoções' estão se aproximando ...
Tombo do dólar ...
* coluna de Luiz Sérgio Guimarães, Valor Econômico de 27/08/07
O dólar já retornou ao preço em que estava antes de o Banco Central suspender os seus leilões diários de compra de moeda. O dólar fechou sexta-feira com desvalorização de 2,36%, negociado a R$ 1,9440, exatamente a cotação do dia 13, quando adquiriu do mercado US$ 306 milhões. A partir do dia 14, com a intensificação da crise financeira externa, interrompeu os leilões. De lá para cá, exatos nove pregões, não comprou nem vendeu nada. A recuperação do nível anterior ao da suspensão das intervenções e o pesado tombo sofrido pelo dólar na semana passada - de 4,09%, embora no acumulado do mês ainda se registra valorização de 3,24% - levam os analistas a suspeitaram que, se o cenário externo autorizar novas baixas, logo o BC irá retomar os leilões.
Uma parte do mercado, a mais numerosa, gostaria que o BC não tivesse pressa em sua volta. "Vendida" em dólar futuro, as instituições argumentam que o mercado de câmbio ainda não está forte a ponto de suportar volatilidades eventualmente trazidas pelas operações do BC. O argumento é tosco. O BC sempre frisou que as suas compras se destinam a recolher as sobras de liquidez do sistema, justamente a quantidade exata que, sem ser enxugada, desencadeia volatilidade capaz de distorcer o preço. A preocupação da autoridade é não interferir na tendência, mas moderar excessos e formar reservas.
Há executivos, porém, que defendem o retorno imediato do BC ao câmbio também como forma de emitir um sinal positivo do ponto de vista das expectativas de inflação. Se deixar o dólar afundar, pode passar o recado de que está preocupado com a inflação, disparando mecanismos de proteção nos mercados futuros contra eventual e desnecessário endurecimento da política monetária. Ao contrário, se agisse logo iria transmitir confiança em relação aos rumos do IPCA. A conseqüência mais financeira da retomada dos leilões - o crescimento das reservas cambiais - reforçaria a já elevada credibilidade externa do país. Na sexta-feira, o risco-país voltou a ser cotado, durante a tarde, abaixo de 200 pontos-base.
Fechou a exatos 200 pontos-base, em queda de 3,38%. No mês, cedeu 6,10%. O terremoto financeiro externo provocou ondas de menor intensidade no Brasil comparativamente aos abalos sofridos pelos demais países emergentes. Segundo estudo do economista-chefe da RC Consultores, Marcel Pereira, a diferença entre o risco-Brasil e o Embi+ (o conjunto de emergentes) alargou-se com a crise. Ou seja, o risco-Brasil subiu menos que a média. A taxa de risco do país situa-se, desde o dia 5 de abril, abaixo da média apurada pelo Embi+. Entre 19 de abril e 26 de junho, a distância que separava o risco do país da média de risco dos emergentes era da ordem de 11 pontos-base. Em 27 de junho, quando houve uma primeira sacudida no mercado, a diferença a favor do Brasil caiu bruscamente. Passado o impacto desse primeiro tremor, a diferença voltou a crescer. Entre 29 de junho e 14 de agosto, subiu para 15 pontos-base. E desde o 15 de agosto, após outra onda de turbulências, a distância se ampliou situando-se na faixa de 23 pontos-base. "O Brasil deixou de ser o patinho feio do mercado emergente. Arduamente, conseguiu destaque frente à média das economias emergentes", diz Pereira.
As rotas do dólar e do risco-país ainda dependem, em sua essência, mais dos desdobramentos da crise de crédito externa do que dos fundamentos brasileiros. Eufóricos na sexta-feira, os mercados tentaram abreviar a crise. Ainda é cedo para se por um ponto final nela. Mas o movimento de alegre distensão nos EUA favorece a absorção dos créditos pobres pelas instituições. Não é todo dia, contudo, que saem indicadores positivos sobre a economia americana e que mereçam leitura generalizadamente positiva. Foi o que aconteceu na sexta. Tanto as encomendas de bens duráveis (alta de 5,9% em julho, para expectativa de avanço de 1%) quanto as vendas de casas novas (evolução de 2,8%, quando se esperava queda de 1,4%) foram olhadas pelo seu melhor ângulo, o que espanta a perspectiva de uma recessão na economia americana. O seu lado negativo - a possibilidade de, por isso, o Federal Reserve (Fed) não cortar o juro básico em sua reunião de 18 de setembro - foi providencialmente esquecido. Os eventos desta última semana do mês serão vistos com lupa. Hoje, sai o indicador de venda de imóveis usados relativo a julho. Amanhã, o índice de confiança do consumidor em agosto e o de manufaturados apurado pelo Fed de Richmond. Mas o dia crítico parece ser mesmo a sexta-feira. Além de discurso do presidente do Fed, Ben Bernanke, será divulgado o principal índice de inflação, o PCE de julho.
Uma parte do mercado, a mais numerosa, gostaria que o BC não tivesse pressa em sua volta. "Vendida" em dólar futuro, as instituições argumentam que o mercado de câmbio ainda não está forte a ponto de suportar volatilidades eventualmente trazidas pelas operações do BC. O argumento é tosco. O BC sempre frisou que as suas compras se destinam a recolher as sobras de liquidez do sistema, justamente a quantidade exata que, sem ser enxugada, desencadeia volatilidade capaz de distorcer o preço. A preocupação da autoridade é não interferir na tendência, mas moderar excessos e formar reservas.
Há executivos, porém, que defendem o retorno imediato do BC ao câmbio também como forma de emitir um sinal positivo do ponto de vista das expectativas de inflação. Se deixar o dólar afundar, pode passar o recado de que está preocupado com a inflação, disparando mecanismos de proteção nos mercados futuros contra eventual e desnecessário endurecimento da política monetária. Ao contrário, se agisse logo iria transmitir confiança em relação aos rumos do IPCA. A conseqüência mais financeira da retomada dos leilões - o crescimento das reservas cambiais - reforçaria a já elevada credibilidade externa do país. Na sexta-feira, o risco-país voltou a ser cotado, durante a tarde, abaixo de 200 pontos-base.
Fechou a exatos 200 pontos-base, em queda de 3,38%. No mês, cedeu 6,10%. O terremoto financeiro externo provocou ondas de menor intensidade no Brasil comparativamente aos abalos sofridos pelos demais países emergentes. Segundo estudo do economista-chefe da RC Consultores, Marcel Pereira, a diferença entre o risco-Brasil e o Embi+ (o conjunto de emergentes) alargou-se com a crise. Ou seja, o risco-Brasil subiu menos que a média. A taxa de risco do país situa-se, desde o dia 5 de abril, abaixo da média apurada pelo Embi+. Entre 19 de abril e 26 de junho, a distância que separava o risco do país da média de risco dos emergentes era da ordem de 11 pontos-base. Em 27 de junho, quando houve uma primeira sacudida no mercado, a diferença a favor do Brasil caiu bruscamente. Passado o impacto desse primeiro tremor, a diferença voltou a crescer. Entre 29 de junho e 14 de agosto, subiu para 15 pontos-base. E desde o 15 de agosto, após outra onda de turbulências, a distância se ampliou situando-se na faixa de 23 pontos-base. "O Brasil deixou de ser o patinho feio do mercado emergente. Arduamente, conseguiu destaque frente à média das economias emergentes", diz Pereira.
As rotas do dólar e do risco-país ainda dependem, em sua essência, mais dos desdobramentos da crise de crédito externa do que dos fundamentos brasileiros. Eufóricos na sexta-feira, os mercados tentaram abreviar a crise. Ainda é cedo para se por um ponto final nela. Mas o movimento de alegre distensão nos EUA favorece a absorção dos créditos pobres pelas instituições. Não é todo dia, contudo, que saem indicadores positivos sobre a economia americana e que mereçam leitura generalizadamente positiva. Foi o que aconteceu na sexta. Tanto as encomendas de bens duráveis (alta de 5,9% em julho, para expectativa de avanço de 1%) quanto as vendas de casas novas (evolução de 2,8%, quando se esperava queda de 1,4%) foram olhadas pelo seu melhor ângulo, o que espanta a perspectiva de uma recessão na economia americana. O seu lado negativo - a possibilidade de, por isso, o Federal Reserve (Fed) não cortar o juro básico em sua reunião de 18 de setembro - foi providencialmente esquecido. Os eventos desta última semana do mês serão vistos com lupa. Hoje, sai o indicador de venda de imóveis usados relativo a julho. Amanhã, o índice de confiança do consumidor em agosto e o de manufaturados apurado pelo Fed de Richmond. Mas o dia crítico parece ser mesmo a sexta-feira. Além de discurso do presidente do Fed, Ben Bernanke, será divulgado o principal índice de inflação, o PCE de julho.
24 agosto 2007
Pós-Crise: Risco-Brasil teve relativa melhora
Nesta semana, o desempenho dos mercados foi positivo, permitindo a recuperação parcial das perdas ocorridas nas semanas anteriores, embora ainda persista o risco de novas turbulências. Não obstante a instalação de um cenário externo composto por volatilidade e incertezas, os ativos brasileiros continuaram sendo vistos sob prisma bastante favorável.
O indicador de risco-Brasil, que compara o rendimento médio (juros) da carteira de títulos emitidos pelo Brasil com o rendimento dos títulos do Tesouro norte-americano, mostra que a situação do País em relação à média dos países emergentes melhorou frente à vigente há 30 dias. Isso porque, nesse período, aumentou a diferença entre o risco associado ao Brasil e o risco associado aos referidos países.
Desde o dia 5 de abril, o risco-Brasil se mantém abaixo do EMBI+ (média dos países emergentes), aumentando-se, todavia, a diferença a favor do Brasil. Entre 19 de abril e 26 de junho, a distância que separa o risco do País da média de risco dos emergentes era da ordem de 11 pontos-base.
Em 27 de junho, quando houve uma primeira ”sacudida” no mercado, a diferença a favor do Brasil caiu bruscamente. Passado o referido impacto, entretanto, essa diferença voltou a crescer. Entre 29 de junho e 14 de agosto, subiu para 15 pontos-base. E desde o dia 15 de agosto, após outra onda de turbulências, a distância se alargou, situando-se na faixa de 23 pontos-base.
Em outros termos, o Brasil deixou de ser o “patinho feio” do mercado emergente. Arduamente, conseguiu destaque frente à média das economias emergentes. Necessita, agora, fazer novos progressos, para consolidar seus ganhos.
Com a recente instalação de um ambiente de maior incerteza, assim como o Brasil viu sua percepção de risco diminuir perante a maior parte dos países emergentes, ele também conheceu perdas em relação a outras economias detentoras de maior “nível de confiança”. Após a eclosão da crise no mercado imobiliário dos EUA, o risco-Brasil se distanciou, por exemplo, do risco-México. Entre 5 de abril e 25 de julho, essa distância era de 65 pontos-base a favor do México. E desde o dia 26 de julho, a diferença que separa o rendimento de papéis brasileiros do rendimento de papéis mexicanos no mercado internacional subiu para 77 pontos-base. Em outros termos, isso é um sinal de que existe ainda muito trabalho de ajuste interno da economia brasileira daqui para frente.
O indicador de risco-Brasil, que compara o rendimento médio (juros) da carteira de títulos emitidos pelo Brasil com o rendimento dos títulos do Tesouro norte-americano, mostra que a situação do País em relação à média dos países emergentes melhorou frente à vigente há 30 dias. Isso porque, nesse período, aumentou a diferença entre o risco associado ao Brasil e o risco associado aos referidos países.
Desde o dia 5 de abril, o risco-Brasil se mantém abaixo do EMBI+ (média dos países emergentes), aumentando-se, todavia, a diferença a favor do Brasil. Entre 19 de abril e 26 de junho, a distância que separa o risco do País da média de risco dos emergentes era da ordem de 11 pontos-base.
Em 27 de junho, quando houve uma primeira ”sacudida” no mercado, a diferença a favor do Brasil caiu bruscamente. Passado o referido impacto, entretanto, essa diferença voltou a crescer. Entre 29 de junho e 14 de agosto, subiu para 15 pontos-base. E desde o dia 15 de agosto, após outra onda de turbulências, a distância se alargou, situando-se na faixa de 23 pontos-base.
Em outros termos, o Brasil deixou de ser o “patinho feio” do mercado emergente. Arduamente, conseguiu destaque frente à média das economias emergentes. Necessita, agora, fazer novos progressos, para consolidar seus ganhos.
Com a recente instalação de um ambiente de maior incerteza, assim como o Brasil viu sua percepção de risco diminuir perante a maior parte dos países emergentes, ele também conheceu perdas em relação a outras economias detentoras de maior “nível de confiança”. Após a eclosão da crise no mercado imobiliário dos EUA, o risco-Brasil se distanciou, por exemplo, do risco-México. Entre 5 de abril e 25 de julho, essa distância era de 65 pontos-base a favor do México. E desde o dia 26 de julho, a diferença que separa o rendimento de papéis brasileiros do rendimento de papéis mexicanos no mercado internacional subiu para 77 pontos-base. Em outros termos, isso é um sinal de que existe ainda muito trabalho de ajuste interno da economia brasileira daqui para frente.
17 agosto 2007
Em que apostar após a crise?
Desde o dia 23 de julho até ontem, o índice Ibovespa já caiu 17,2%, o que corresponde a 10 mil pontos em dezoito pregões. A taxa de câmbio, neste período, saltou de R$ 1,84 para R$ 2,09 por dólar, uma elevação de 13,3%. Dentro do mesmo movimento, o risco-país do Brasil subiu 35,5%, enquanto a média dos mercados emergentes se elevou em 38,0%.
A crise dita do “mercado imobiliário” norte-americano se prenunciava há bastante tempo. Os chamados “pessimistas” já a esperavam desde o primeiro semestre de 2006 (e ficaram “falando ao vento” desde então), pois desde 2005 a bolha formada nos preços dos imóveis, inchados por um longo período de juros a 1% ao ano, já era visível.
Enfim, o estouro da bolha chegou. Na cultura cibernética, representou nada mais do que um “game over” de uma partida virtual. Agora o jogo será outro.
A estratégia, agora, deve ser montada em cima dos fatos que pautaram, nos últimos dias, muitas tensões, turbulências e volatilidades. O gatilho foi o mercado de crédito imobiliário, que gerou a crise no financiamento “subprime”. Mas a crise é muito mais do que isso, e é pensando assim que vamos entendê-la melhor.
O abalo nos retornos do Countrywide Financial, maior empresa norte-americana de hipotecas e financiamento imobiliário, atingiu os dois lados do Atlântico. Fundos do Bearn Stearns e do BNP Paribas sinalizaram a intensidade do golpe. Os Bancos Centrais dos EUA e da Europa injetaram liquidez para evitar contágios sucessivos.
Ainda não há como se ter certeza de que a liquidez injetada pelos Bancos Centrais já ocorreu em escala suficiente para estabilizar as perdas impostas pela repentina escassez do crédito, até então farto. Portanto, ainda não se sabe se estamos no meio da ribanceira, ou prestes a alcançar o vale. Novas quedas fortes ainda são bastante prováveis neste cenário de volatilidade intensa.
No novo game que se inicia, enquanto os ativos se reassentam, a próxima jogada é tentar antecipar a intensidade do contágio via taxa de câmbio.
Sem cerimônia ou preocupações com os “abalos psicológicos”, o câmbio atropelou a barreira de R$ 1,90 e, logo em seguida, também a de R$ 2,00. Só no dia de ontem varou de R$ 2,02 para R$ 2,09; com direito a passar boa parte da quinta-feira acima dos R$ 2,12.
Com a mesma rapidez que subiu poderá cair, de novo, se o mercado perceber que a perda de rentabilidade de grandes fundos de investimento - nos EUA, na Europa e na Ásia - tenha sido eficazmente drenada.
Se não houver a certeza de que muito em breve o Federal Reserve vá reduzir os juros (o primeiro sinal foi hoje, com a redução do redesconto), e, assim, injetar mais liquidez na economia americana, o risco de novas perdas no mercado global continuará existindo. Caso seja este o jogo, persistirá uma forte volatilidade cambial para o Brasil em torno do patamar no qual o dólar é precificado frente ao real hoje.Contudo, um terceiro jogo pode ser iniciado. Esse seria o mais difícil de todos, com um contágio expressivo da economia asiática (lembrem que a bolsa de Xangai quadruplicou nos últimos 18 meses), podendo levar a uma desaceleração forte em economias como a coreana e, no que seria o cenário mais grave de todos, a chinesa. Neste caso, seria um “hard landing” global, com forte impacto sobre a taxa de câmbio brasileira, e com os fluxos comerciais do país afetados não só por uma menor demanda internacional, como ainda pelo derretimento dos preços das commodities minerais.
A crise dita do “mercado imobiliário” norte-americano se prenunciava há bastante tempo. Os chamados “pessimistas” já a esperavam desde o primeiro semestre de 2006 (e ficaram “falando ao vento” desde então), pois desde 2005 a bolha formada nos preços dos imóveis, inchados por um longo período de juros a 1% ao ano, já era visível.
Enfim, o estouro da bolha chegou. Na cultura cibernética, representou nada mais do que um “game over” de uma partida virtual. Agora o jogo será outro.
A estratégia, agora, deve ser montada em cima dos fatos que pautaram, nos últimos dias, muitas tensões, turbulências e volatilidades. O gatilho foi o mercado de crédito imobiliário, que gerou a crise no financiamento “subprime”. Mas a crise é muito mais do que isso, e é pensando assim que vamos entendê-la melhor.
O abalo nos retornos do Countrywide Financial, maior empresa norte-americana de hipotecas e financiamento imobiliário, atingiu os dois lados do Atlântico. Fundos do Bearn Stearns e do BNP Paribas sinalizaram a intensidade do golpe. Os Bancos Centrais dos EUA e da Europa injetaram liquidez para evitar contágios sucessivos.
Ainda não há como se ter certeza de que a liquidez injetada pelos Bancos Centrais já ocorreu em escala suficiente para estabilizar as perdas impostas pela repentina escassez do crédito, até então farto. Portanto, ainda não se sabe se estamos no meio da ribanceira, ou prestes a alcançar o vale. Novas quedas fortes ainda são bastante prováveis neste cenário de volatilidade intensa.
No novo game que se inicia, enquanto os ativos se reassentam, a próxima jogada é tentar antecipar a intensidade do contágio via taxa de câmbio.
Sem cerimônia ou preocupações com os “abalos psicológicos”, o câmbio atropelou a barreira de R$ 1,90 e, logo em seguida, também a de R$ 2,00. Só no dia de ontem varou de R$ 2,02 para R$ 2,09; com direito a passar boa parte da quinta-feira acima dos R$ 2,12.
Com a mesma rapidez que subiu poderá cair, de novo, se o mercado perceber que a perda de rentabilidade de grandes fundos de investimento - nos EUA, na Europa e na Ásia - tenha sido eficazmente drenada.
Se não houver a certeza de que muito em breve o Federal Reserve vá reduzir os juros (o primeiro sinal foi hoje, com a redução do redesconto), e, assim, injetar mais liquidez na economia americana, o risco de novas perdas no mercado global continuará existindo. Caso seja este o jogo, persistirá uma forte volatilidade cambial para o Brasil em torno do patamar no qual o dólar é precificado frente ao real hoje.Contudo, um terceiro jogo pode ser iniciado. Esse seria o mais difícil de todos, com um contágio expressivo da economia asiática (lembrem que a bolsa de Xangai quadruplicou nos últimos 18 meses), podendo levar a uma desaceleração forte em economias como a coreana e, no que seria o cenário mais grave de todos, a chinesa. Neste caso, seria um “hard landing” global, com forte impacto sobre a taxa de câmbio brasileira, e com os fluxos comerciais do país afetados não só por uma menor demanda internacional, como ainda pelo derretimento dos preços das commodities minerais.
15 agosto 2007
Navegação em águas turvas
A crise financeira desencadeada pelo surto de inadimplência que atingiu o mercado imobiliário de risco norte-americano é diferente das crises anteriores, pois no desenrolar desta sempre havia uma moeda local (peso mexicano, bath tailandês, peso argentino, won sul-coreano, rublo russo, etc.), ou um conjunto delas, sendo objeto de ataque especulativo.
Desta vez, inexiste um alvo. Em tese, seria o Dólar. Porém, não interessa ao sistema global (China incluída) que sua desvalorização seja acentuada, mas apenas corretiva. É verdade que a moeda norte-americana se enfraqueceu recentemente, mas não o suficiente para colocar em risco a estabilidade dos preços internos dos EUA. Inexistem, pelo menos até o momento, indícios nesse sentido.
O maior perigo seria a crise atual atingir, nos EUA, o mercado imobiliário como um todo, assim como os bancos, trazendo, posteriormente, efeitos deletérios sobre o nível de produção e emprego não apenas da economia norte-americana, européia e japonesa, mas também chinesa.Ainda estamos longe disso. Porém, causa bastante desconforto, quanto à evolução futura da economia mundial, o fato de haver pouquíssimos indicadores econômicos da China, que mostrem como ela reagiria em caso de intensificação da crise atual. Isso só torna mais turvas, as águas escuras que, agora, nos encontramos mergulhados.
Desta vez, inexiste um alvo. Em tese, seria o Dólar. Porém, não interessa ao sistema global (China incluída) que sua desvalorização seja acentuada, mas apenas corretiva. É verdade que a moeda norte-americana se enfraqueceu recentemente, mas não o suficiente para colocar em risco a estabilidade dos preços internos dos EUA. Inexistem, pelo menos até o momento, indícios nesse sentido.
O maior perigo seria a crise atual atingir, nos EUA, o mercado imobiliário como um todo, assim como os bancos, trazendo, posteriormente, efeitos deletérios sobre o nível de produção e emprego não apenas da economia norte-americana, européia e japonesa, mas também chinesa.Ainda estamos longe disso. Porém, causa bastante desconforto, quanto à evolução futura da economia mundial, o fato de haver pouquíssimos indicadores econômicos da China, que mostrem como ela reagiria em caso de intensificação da crise atual. Isso só torna mais turvas, as águas escuras que, agora, nos encontramos mergulhados.
09 agosto 2007
COPOM: Selic cairá para 11,25% ao ano
O Copom (Comitê de Política Monetária) deverá anunciar um corte de apenas 0,25 ponto percentual nos juros básicos em sua reunião no próximo dia 5 de setembro.
Na ata da última reunião, o comitê afirmava que “a preservação das importantes conquistas obtidas (...) demandará que, a partir de um determinado ponto, a flexibilização da política monetária passe a ser conduzida com maior parcimônia”. Este trecho já insinuava eventual diminuição no ritmo de corte.
Além disso, nas últimas semanas, por conta da crise no mercado imobiliário de risco dos EUA, houve aumento da volatilidade no mundo financeiro internacional. A forte alta do preço do petróleo e a sustentação dos preços das commodities agrícolas em patamar elevado também impediram que a tensão se reduzisse. O desdobramento local foi apenas um “trailer” de um filme velho e conhecido: elevação do risco-Brasil e desvalorização do Real frente ao Dólar.
Na ata da última reunião, o comitê afirmava que “a preservação das importantes conquistas obtidas (...) demandará que, a partir de um determinado ponto, a flexibilização da política monetária passe a ser conduzida com maior parcimônia”. Este trecho já insinuava eventual diminuição no ritmo de corte.
Além disso, nas últimas semanas, por conta da crise no mercado imobiliário de risco dos EUA, houve aumento da volatilidade no mundo financeiro internacional. A forte alta do preço do petróleo e a sustentação dos preços das commodities agrícolas em patamar elevado também impediram que a tensão se reduzisse. O desdobramento local foi apenas um “trailer” de um filme velho e conhecido: elevação do risco-Brasil e desvalorização do Real frente ao Dólar.
Este conjunto de fatores está longe de representar ameaça ao cumprimento da meta de inflação de 4,5% estipulada pelo CMN (Conselho Monetário Nacional) para 2007 e 2008. Entretanto, constitui substrato suficiente para que o Copom apenas reforce sua prática sempre eivada de conservadorismo exagerado. Por conta disso, a hipótese mais provável considerada é a de que haverá redução da taxa Selic em 0,25 p.p., para 11,25% ao ano.
08 agosto 2007
Brasil se diferencia na crise
Artigo de Cristiano Romero, Valor Econômico, 8 de agosto de 2007
A recente turbulência no mercado financeiro internacional, motivada por problemas no setor de crédito dos Estados Unidos, mostra que, apesar dos riscos e da elevada volatilidade, a economia mundial se encontra hoje mais forte do que há dez anos, quando aconteceu a crise asiática. Uma outra novidade interessante é que, hoje, os mercados emergentes estão mais robustos e resistentes a perturbações.
Em sua análise mais recente, o Departamento de Mercados de Capitais e Monetários do Fundo Monetário Internacional (FMI), criado no início desta década justamente para acompanhar mais de perto os mercados financeiros internacionais, constatou que a turbulência confinou-se essencialmente ao setor de crédito. Os fluxos de capitais para os fundos mútuos de mercados emergentes, tradicionalmente considerados os ativos de maior risco, sofreram pouco impacto.
Embora ainda seja muito cedo para comemoração, o Brasil se mostrou, em meio ao nervosismo, mais forte do que se esperava. Isso está se refletindo no comportamento dos papéis brasileiros. "Em um primeiro momento (da forte onda de volatilidade), houve expressivo estreitamento entre o valor de face dos papéis brasileiros e o da média dos mercados emergentes. Ou seja, diminuiu, consideravelmente, a distância entre o EMBI-Brasil e o EMBI+, que é a média dos países emergentes. Em seguida, ocorreu uma 'diferenciação por qualidade', com o aumento, a favor do Brasil, da distância entre o risco dos títulos brasileiros e a média dos títulos emergentes", diz Marcel Pereira, economista-chefe da RC Consultores.
O "salto de qualidade" dos ativos brasileiros, observa o economista, também pode ser visto no mercado acionário. A Bovespa, conta Pereira, já superou, em 2007, a rentabilidade da Bolsa do México. "Portanto, o Brasil colhe, também no mercado de capitais, os frutos de seu ajuste macroeconômico. Nesse ambiente favorável, não há dúvida de que a perspectiva de aceleração da economia brasileira, com estabilidade de preços, diminui o risco relativo de se investir no país", assinala o economista da RC.
Patinho feio dos mercados nas últimas duas décadas, a América Latina registrou, com a liderança brasileira, o melhor desempenho em ações entre janeiro e junho. No período, segundo dados do FMI, a rentabilidade média das bolsas da região foi de 25,3%, face a 17,3% das bolsas asiáticas e a 16,1% do índice "MSCI Emerging Markets".
Embora os analistas estejam prevendo uma crise "passageira", os riscos de turbulência, de qualquer maneira, continuam postos. "O cenário básico é positivo, mas, agora, há mais riscos negativos do que antes", adverte o economista Murilo Portugal, vice-diretor do FMI. Um desses riscos é a inflação. Há cinco anos a economia mundial cresce sem parar, o que leva a crer que a capacidade de produção pode estar chegando ao limite. Os países emergentes, diz a última atualização do "World Economic Outlook", produzido pelo FMI, estão enfrentando pressões inflacionárias, especialmente em energia e alimentos.
Ontem, o Federal Reserve, o banco central americano, deixou claro, ao manter inalterada a taxa de juros, que está preocupado com o crescimento da maior economia do mundo. Face a uma expansão de 3,3% em 2006, o PIB dos EUA deve crescer apenas 2% em 2007, embora o FMI aposte numa recuperação em 2008 (2,8%). A dúvida é mensurar que impacto os problemas creditícios terão no comportamento de uma economia cujo consumo é fortemente alavancado por crédito fácil e barato.
Títulos e ações do país se destacam em 2007
As outras vulnerabilidades do mercado mundial, lembra Murilo Portugal, estão no mercado financeiro e não dizem respeito apenas à crise do crédito imobiliário nos EUA. O vice-diretor do FMI menciona as fusões e incorporações de empresas feitas mundo afora com recursos de empréstimos bancários. Outro problema é o "carry-trade", o dinheiro que investidores tomam em países de juros baixíssimos, como Japão, Austrália, Suíça e Nova Zelândia, para aplicar em mercados, como o brasileiro, que estão devolvendo alta rentabilidade tanto em renda fixa quando em variável.
O risco, nesse caso, não é o da arbitragem usual de taxa de juros feita pelos investidores, fato que responde por uma parte do dinheiro que inunda os mercados emergentes neste momento. O problema é quando se faz isso, diz Portugal, com dinheiro de empréstimo bancário. Outro risco, inerente ao "carry-trade", é a valorização das moedas em que os empréstimos foram tomados.
Em sua análise mais recente, o Departamento de Mercados de Capitais e Monetários do Fundo Monetário Internacional (FMI), criado no início desta década justamente para acompanhar mais de perto os mercados financeiros internacionais, constatou que a turbulência confinou-se essencialmente ao setor de crédito. Os fluxos de capitais para os fundos mútuos de mercados emergentes, tradicionalmente considerados os ativos de maior risco, sofreram pouco impacto.
Embora ainda seja muito cedo para comemoração, o Brasil se mostrou, em meio ao nervosismo, mais forte do que se esperava. Isso está se refletindo no comportamento dos papéis brasileiros. "Em um primeiro momento (da forte onda de volatilidade), houve expressivo estreitamento entre o valor de face dos papéis brasileiros e o da média dos mercados emergentes. Ou seja, diminuiu, consideravelmente, a distância entre o EMBI-Brasil e o EMBI+, que é a média dos países emergentes. Em seguida, ocorreu uma 'diferenciação por qualidade', com o aumento, a favor do Brasil, da distância entre o risco dos títulos brasileiros e a média dos títulos emergentes", diz Marcel Pereira, economista-chefe da RC Consultores.
O "salto de qualidade" dos ativos brasileiros, observa o economista, também pode ser visto no mercado acionário. A Bovespa, conta Pereira, já superou, em 2007, a rentabilidade da Bolsa do México. "Portanto, o Brasil colhe, também no mercado de capitais, os frutos de seu ajuste macroeconômico. Nesse ambiente favorável, não há dúvida de que a perspectiva de aceleração da economia brasileira, com estabilidade de preços, diminui o risco relativo de se investir no país", assinala o economista da RC.
Patinho feio dos mercados nas últimas duas décadas, a América Latina registrou, com a liderança brasileira, o melhor desempenho em ações entre janeiro e junho. No período, segundo dados do FMI, a rentabilidade média das bolsas da região foi de 25,3%, face a 17,3% das bolsas asiáticas e a 16,1% do índice "MSCI Emerging Markets".
Embora os analistas estejam prevendo uma crise "passageira", os riscos de turbulência, de qualquer maneira, continuam postos. "O cenário básico é positivo, mas, agora, há mais riscos negativos do que antes", adverte o economista Murilo Portugal, vice-diretor do FMI. Um desses riscos é a inflação. Há cinco anos a economia mundial cresce sem parar, o que leva a crer que a capacidade de produção pode estar chegando ao limite. Os países emergentes, diz a última atualização do "World Economic Outlook", produzido pelo FMI, estão enfrentando pressões inflacionárias, especialmente em energia e alimentos.
Ontem, o Federal Reserve, o banco central americano, deixou claro, ao manter inalterada a taxa de juros, que está preocupado com o crescimento da maior economia do mundo. Face a uma expansão de 3,3% em 2006, o PIB dos EUA deve crescer apenas 2% em 2007, embora o FMI aposte numa recuperação em 2008 (2,8%). A dúvida é mensurar que impacto os problemas creditícios terão no comportamento de uma economia cujo consumo é fortemente alavancado por crédito fácil e barato.
Títulos e ações do país se destacam em 2007
As outras vulnerabilidades do mercado mundial, lembra Murilo Portugal, estão no mercado financeiro e não dizem respeito apenas à crise do crédito imobiliário nos EUA. O vice-diretor do FMI menciona as fusões e incorporações de empresas feitas mundo afora com recursos de empréstimos bancários. Outro problema é o "carry-trade", o dinheiro que investidores tomam em países de juros baixíssimos, como Japão, Austrália, Suíça e Nova Zelândia, para aplicar em mercados, como o brasileiro, que estão devolvendo alta rentabilidade tanto em renda fixa quando em variável.
O risco, nesse caso, não é o da arbitragem usual de taxa de juros feita pelos investidores, fato que responde por uma parte do dinheiro que inunda os mercados emergentes neste momento. O problema é quando se faz isso, diz Portugal, com dinheiro de empréstimo bancário. Outro risco, inerente ao "carry-trade", é a valorização das moedas em que os empréstimos foram tomados.
Só a continuidade do ajuste fiscal sustentará o crescimento de longo prazo do Brasil
... mas há margem para ampliação dos investimentos, sem comprometer a qualidade do ajuste.
Desde 1999, quando houve mudança no regime cambial, as contas externas do Brasil passam por substancial e positiva transformação, a qual teve importância vital para que houvesse enorme redução na percepção de seu risco soberano por parte do investidor.
A dívida externa brasileira que, no final da década passada, chegou a representar 5,2 vezes a receita anual de exportações, caiu “linearmente” desde então. O múltiplo dessa relação é hoje de apenas 1,2 vez. O processo de ajuste do setor externo nacional foi completado, mais recentemente, pelo expressivo aumento das reservas, que atualmente giram em torno de US$ 150 bilhões.
Para consolidar o ambiente de redução da referida percepção de risco, falta apenas concluir o ajuste das contas públicas. O Brasil caminha na direção correta, já que reduziu sua dívida líquida de 60% do PIB, em 2002, para o patamar atual de 44%. Precisa, porém, dar prosseguimento a este processo.
A maior parte do ajuste fiscal já foi concretizada. Além da melhora mencionada acima, houve também: (1) eliminação dos papéis indexados à taxa de câmbio na composição da dívida mobiliária; e (2) aumento do volume de prefixados e de papéis indexados a índices de preços, que somados, já superam a marca de 50% do total da referida dívida.
Com isso, já começam a aparecer recursos, no orçamento público, que permitirão a realização de investimentos em infra-estrutura, evitando assim o surgimento de gargalos que possam comprometer a aceleração do crescimento econômico ao longo do tempo.
A sustentabilidade do crescimento exige a continuidade do ajuste fiscal. O alcance de um superávit primário de 3,75% do PIB no biênio 2007-08, e de 3,25% do PIB no biênio 2009-10, seria suficiente para reduzir a proporção dívida líquida / PIB para o nível de 40% em dezembro de 2008; e de 30% em dezembro de 2010.
Também é crucial continuar melhorando o perfil da carteira de títulos públicos. Os papéis indexados à taxa de juros, que hoje representam 34% do total da carteira, devem reduzir esse percentual para menos de 30% no final de 2007. Se houver sinalização de que o ajuste fiscal será firme, espera-se que essa fatia fique abaixo de 25%, no final de 2008; e de 20%, no final de 2009.
A implementação dessas ações permitiria efetuar sensível redução dos juros básicos e, conseqüentemente, promover forte retração do oneroso gasto com o serviço da dívida pública, abrindo importante espaço para o incremento dos investimentos privados em obras de infra-estrutura.Este é o filme que se deseja assistir para que o Brasil, enfim, possa consolidar seu processo de crescimento acelerado, com uma economia que opere de forma mais saudável e sem ameaças à sua estabilidade.
A dívida externa brasileira que, no final da década passada, chegou a representar 5,2 vezes a receita anual de exportações, caiu “linearmente” desde então. O múltiplo dessa relação é hoje de apenas 1,2 vez. O processo de ajuste do setor externo nacional foi completado, mais recentemente, pelo expressivo aumento das reservas, que atualmente giram em torno de US$ 150 bilhões.
Para consolidar o ambiente de redução da referida percepção de risco, falta apenas concluir o ajuste das contas públicas. O Brasil caminha na direção correta, já que reduziu sua dívida líquida de 60% do PIB, em 2002, para o patamar atual de 44%. Precisa, porém, dar prosseguimento a este processo.
A maior parte do ajuste fiscal já foi concretizada. Além da melhora mencionada acima, houve também: (1) eliminação dos papéis indexados à taxa de câmbio na composição da dívida mobiliária; e (2) aumento do volume de prefixados e de papéis indexados a índices de preços, que somados, já superam a marca de 50% do total da referida dívida.
Com isso, já começam a aparecer recursos, no orçamento público, que permitirão a realização de investimentos em infra-estrutura, evitando assim o surgimento de gargalos que possam comprometer a aceleração do crescimento econômico ao longo do tempo.
A sustentabilidade do crescimento exige a continuidade do ajuste fiscal. O alcance de um superávit primário de 3,75% do PIB no biênio 2007-08, e de 3,25% do PIB no biênio 2009-10, seria suficiente para reduzir a proporção dívida líquida / PIB para o nível de 40% em dezembro de 2008; e de 30% em dezembro de 2010.
Também é crucial continuar melhorando o perfil da carteira de títulos públicos. Os papéis indexados à taxa de juros, que hoje representam 34% do total da carteira, devem reduzir esse percentual para menos de 30% no final de 2007. Se houver sinalização de que o ajuste fiscal será firme, espera-se que essa fatia fique abaixo de 25%, no final de 2008; e de 20%, no final de 2009.
A implementação dessas ações permitiria efetuar sensível redução dos juros básicos e, conseqüentemente, promover forte retração do oneroso gasto com o serviço da dívida pública, abrindo importante espaço para o incremento dos investimentos privados em obras de infra-estrutura.Este é o filme que se deseja assistir para que o Brasil, enfim, possa consolidar seu processo de crescimento acelerado, com uma economia que opere de forma mais saudável e sem ameaças à sua estabilidade.