MARCEL PEREIRA

01 novembro 2007

A maior qualificação dos ativos brasileiros

Os resultados da Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) nas últimas semanas podem ser usados para corroborar a afirmação de que houve uma alteração na percepção de risco por parte dos investidores em relação ao mercado nacional.
Depois da queda abrupta que atingiu as bolsas internacionais, cujo estopim foi a crise imobiliária norte-americana, houve forte recuperação do Ibovespa, o que demonstra a grande atratividade exercida pela economia brasileira frente às outras economias, inclusive as emergentes.
Esse fato deriva da percepção de risco fortemente cadente do investidor estrangeiro, que aumentou a procura pelo mercado de capitais brasileiro, demonstrando otimismo com relação à forma pela qual o Brasil atravessou o período de turbulência.
Contando com expressivo colchão de reservas; nível de endividamento externo mais alinhado ao fluxo de comércio exterior e composição de dívida interna menos vulnerável a choques externos, a volatilidade cambial diminuiu. Isso permitiu melhorar a sensação de estabilidade econômica, deixando o mercado brasileiro ainda mais atrativo.
Para ilustrar a qualificação dos ativos brasileiros frente aos de outras economias emergentes, façamos uma comparação do Ibovespa com os índices das outras duas maiores bolsas da América Latina: o Merval, da Argentina, e o IPC, do México.
A comparação fica ainda mais válida quando se observa que uma dessas economias já tem o “grau de investimento” (México) e a outra tem nota de risco soberano em escala bem inferior à dada ao Brasil (Argentina).
Até 30 de julho, a Bovespa tinha acumulado uma rentabilidade de 30,5%. O Dow Jones, principal índice dos EUA, 11,9%; a bolsa mexicana, 21,6%; e a bolsa argentina, 10,2%. Após esta data, todas tiveram expressivas perdas. O Merval, inclusive, chegou a apresentar rentabilidade, acumulada no ano, negativa. Os quatro índices foram ao “fundo do poço” em 16 de agosto.
Desde então, as referidas bolsas começaram a recuperar-se. Todavia, pode-se observar que enquanto a Bolsa de São Paulo já vem apresentando resultado mais expressivo do que em 30 de julho, só agora as demais bolsas recuperam a rentabilidade que tinham “pré-crise”. No ano, o Ibovespa acumula rentabilidade de 46,3%; o IPC, de 21,4%; o Dow Jones de 11,3%; e o Merval de 11,8%.
A enorme rentabilidade alcançada pela Bolsa de São Paulo só endossa aquilo que os números do balanço de pagamentos já tinham mostrado antes: o expressivo aumento do investimento estrangeiro tanto direto, quanto em carteira. São provas inequívocas de que os investidores passam a diferenciar, positivamente, o mercado brasileiro.