MARCEL PEREIRA

15 agosto 2007

Navegação em águas turvas

A crise financeira desencadeada pelo surto de inadimplência que atingiu o mercado imobiliário de risco norte-americano é diferente das crises anteriores, pois no desenrolar desta sempre havia uma moeda local (peso mexicano, bath tailandês, peso argentino, won sul-coreano, rublo russo, etc.), ou um conjunto delas, sendo objeto de ataque especulativo.
Desta vez, inexiste um alvo. Em tese, seria o Dólar. Porém, não interessa ao sistema global (China incluída) que sua desvalorização seja acentuada, mas apenas corretiva. É verdade que a moeda norte-americana se enfraqueceu recentemente, mas não o suficiente para colocar em risco a estabilidade dos preços internos dos EUA. Inexistem, pelo menos até o momento, indícios nesse sentido.
O maior perigo seria a crise atual atingir, nos EUA, o mercado imobiliário como um todo, assim como os bancos, trazendo, posteriormente, efeitos deletérios sobre o nível de produção e emprego não apenas da economia norte-americana, européia e japonesa, mas também chinesa.Ainda estamos longe disso. Porém, causa bastante desconforto, quanto à evolução futura da economia mundial, o fato de haver pouquíssimos indicadores econômicos da China, que mostrem como ela reagiria em caso de intensificação da crise atual. Isso só torna mais turvas, as águas escuras que, agora, nos encontramos mergulhados.