MARCEL PEREIRA

27 setembro 2006

Reflexões Políticas para antes das urnas

De autor desconhecido:
O que foi que nos aconteceu? No Brasil, estamos diante de acontecimentos inexplicáveis, ou melhor, "explicáveis" demais. Toda a verdade já foi descoberta, todos os crimes provados, todas as mentiras percebidas.
Tudo já aconteceu e nada acontece. Os culpados estão catalogados, fichados, e nada rola. A verdade está na cara, mas a verdade não se impõe.

Isto é uma situação inédita na História.

Claro que a mentira sempre foi a base do sistema político, infiltrada no labirinto das oligarquias, claro que não esquecemos a supressão, a proibição da verdade durante a ditadura, mas nunca a verdade foi tão límpida à nossa frente e, no entanto, tão inútil, impotente, desfigurada.

Os fatos reais: com a eleição de Lula, uma quadrilha se enfiou no governo e desviou bilhões de dinheiro público para tomar o Estado e ficar no poder 20 anos.

Os culpados são todos conhecidos, tudo está decifrado, os cheques assinados, as contas no estrangeiro, os tapes , as provas irrefutáveis, mas o governo psicopata de Lula nega e ignora tudo. Questionado ou flagrado, o psicopata não se responsabiliza por suas ações. Sempre se acha inocente ou vítima do mundo, do qual tem de se vingar. O outro não existe para ele e não sente nem remorso nem vergonha do que faz. Mente compulsivamente, acreditando na própria mentira, para conseguir poder.

Este governo é psicopata!!!

Seus membros riem da verdade, viram-lhe as costas, passam-lhe a mão nas nádegas.

A verdade se encolhe, humilhada, num canto. E o pior é que o Lula, amparado em sua imagem de "povo", consegue transformar a Razão em vilã, as provas contra ele em acusações "falsas", sua condição de cúmplice e comandante em "vítima".

E a população ignorante engole tudo. Como é possível isso?

Simples: o Judiciário paralítico entoca todos os crimes na fortaleza da lentidão e da impunidade. Só daqui a dois anos serão julgados os indiciados - nos comunica o STF.

Os delitos são esquecidos, empacotados, prescrevem. A Lei protege os crimes e regulamenta a própria desmoralização. Jornalistas e formadores de opinião sentem-se inúteis, pois a indignação ficou supérflua. O que dizemos não se escreve, o que escrevemos não se finca, tudo quebra diante do poder da mentira desse governo.

Sei que este é um artigo óbvio, repetitivo, inútil, mas tem de ser escrito....

Está havendo uma desmoralização do pensamento. Deprimo-me: "Denunciar para quê, se indignar com quê? Fazer o quê?". A existência dessa estirpe de mentirosos está dissolvendo a nossa língua. Este neocinismo está a desmoralizar as palavras, os raciocínios. A língua portuguesa, os textos nos jornais, nos blogs, na TV, rádio, tudo fica ridículo diante da ditadura do lulo-petismo.

A cada cassado perdoado, a cada negação do óbvio, a cada testemunha, muda, aumenta a sensação de que as idéias não correspondem mais aos fatos! Pior: que os fatos não são nada - só valem as versões, as manipulações.
As palavras estão sendo esvaziadas de sentido. Assim como o stalinismo apagava fotos, reescrevia textos para coonestar seus crimes, o governo do Lula está criando uma língua nova, uma novi-língua empobrecedora da ciência política, uma língua esquemática, dualista, maniqueísta, nos preparando para o futuro político simplista que está se consolidando no horizonte. Toda a complexidade rica do país será transformada em uma massa de palavras de ordem, de preconceitos ideológicos movidos a dualismos e oposições, como tendem a fazer o populismo e o simplismo
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25 setembro 2006

Um dos trunfos de Lula: Salário Mínimo volta ao patamar de 1980

Desde a implementação do Plano Real, o salário mínimo (SM) cresceu 80%, em termos reais. Esse ganho teve a seguinte distribuição ao longo do tempo: 24% no período 1995-1998; 16% no período 1999-2002; e 25%, entre 2003-2006. Isso permitiu que o salário mínimo recuperasse a perda em seu poder de compra ocorrida no intervalo 1980-1994.
Para chegar a este resultado, colocamos os valores em termos reais, utilizando como deflator, para corrigir o preço, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC), que mede a taxa de inflação em famílias que recebem até 8 salários mínimos. Entendeu-se que o uso deste índice seria mais adequado que o IPCA (índice Nacional de Preços ao Atacado), que capta a variação da inflação em famílias que recebem até 40 salários mínimos. Ou seja, a metodologia de cálculo do IPCA se aproxima mais do universo em que estão os que se sustentam com o SM.
A preços de agosto de 2006, o valor do SM em 1980 era de R$ 315. Em 1994, esse valor caiu para R$ 183; subindo, em 1998, para R$ 227; e depois, para R$ 264, em 2002. No ano passado, atingiu R$ 295; e, em 2006, tende a ficar em torno de R$ 334 (são todos valores referentes à média no ano).
Eis, de pronto, um dos principais fatores de sustentação da candidatura de Luiz Inácio Lula da Silva na liderança das pesquisas eleitorais. Desde a implementação do Plano Real, o SM está em recuperação. Mas foi na Gestão Lula que essa trajetória apresentou ritmo mais intenso.
Em face da perspectiva de manutenção desse padrão evolutivo, espera-se que o SM, em 2007, retorne ao patamar vigente no final dos anos 70.
Esse incremento no SM viu-se ainda magnificado pela sobrevalorização do câmbio. Em dólares, o seu valor aumentou de forma ainda mais acentuada, exacerbando a percepção (e o brilho) dessa melhora de seu poder de compra.Há, porém, o outro lado da moeda. Esse ganho salarial começa a ser tornar peso incômodo quando a taxa de câmbio está fora de prumo, prejudicando a competitividade das exportações de setores intensivos em mão-de-obra, como têxteis e calçados, por exemplo, o que limita a geração de novos empregos.

20 setembro 2006

Preço do petróleo se acomodará em novo patamar

O preço do petróleo encontra-se sob grande volatilidade e freqüentes ataques especulativos desde junho de 2004, quando o produto era comercializado na faixa de US$ 32/barril. Nos últimos meses, sustentava-se em patamar acima de US$ 70/barril, indicando haver pouca “flexibilidade para baixo”.
Diversos fatores justificam o fato de o preço do petróleo ter mais do que duplicado nos últimos dois anos: a persistente instabilidade política instalada no Oriente Médio, envolvendo Israel, Iraque, Irã e, mais recentemente, Líbano, é um deles, embora não seja o principal. Esse fator estimula a especulação quando o mercado opera com estreita distância entre nível corrente de demanda e capacidade futura de oferta. Entender os motivos desse risco potencial de desequilíbrio entre oferta e demanda é a questão central para a compreensão desta escalada de preços.
Três grandes fatores exerceram pressão altista neste período recente: estoques relativamente baixos nos EUA, reduzidos investimentos realizados pelos países da OPEP e explosão da demanda na China e, em menor escala, na Índia.
Os níveis contraídos dos estoques norte-americanos foram uma das principais razões da forte pressão altista sobre os preços negociados no mercado futuro, uma vez que sinalizavam que o maior consumidor mundial de petróleo não lograva afastar-se do risco de desabastecimento. Esse risco parecia tão iminente que até uma temporada mais intensa de furacões no Caribe tinha desproporcional poder de alavancagem sobre o preço do produto.
Ao mesmo tempo, o baixo volume de investimentos em extração e refino de óleo, sobretudo no caso dos países-membros da OPEP, foi outro fator relevante de alimentação dos movimentos especulativos. Nos últimos anos, a utilização da capacidade instalada mundial andou bem próxima de seu limite. No caso das refinarias, essa utilização já superava os 95%.
A terceira razão foi a crescente demanda da economia chinesa. Só em 2004, as importações cresceram 40%. Ao lado das causas anteriores, a forte aceleração da demanda foi outro grande fator responsável pela rápida valorização do petróleo.
A resultante de tudo isso foi o estabelecimento de um canal, dentro do qual o preço evoluiu ao longo dos últimos dois anos. As oscilações no preço, determinadas por especulações que ganharam espaço com as instabilidades geo-políticas, fizeram a cotação evoluir ora na metade de cima, ora na metade de baixo da margem estabelecida. Em determinados momentos, a evolução caminhou ligeiramente fora desse canal, como entre 15 de abril e 15 de agosto últimos, quando o conflito bélico entre Israel e Líbano fez o preço “vazar” do intervalo previsto.
No mês passado, o preço do petróleo sofreu queda acentuada. É claro que a interrupção do conflito no Líbano não foi a única razão. O anúncio da descoberta de uma grade bacia no Golfo do México foi outro importante fator no sentido de reforçar essa desvalorização do produto, já que abre a perspectiva de maior equilíbrio entre oferta e demanda pelo produto em escala mundial.
Além disso, a alta dos juros internacionais nos últimos anos começou a fazer efeito, encarecendo o custo de sustentação do petróleo (e de qualquer outra commodity) e desaquecendo o nível de atividade global, a começar pela economia norte-americana.
Com isso, o preço do petróleo rompeu o piso do canal, que atualmente encontrava-se em US$ 66,8 por barril. A tendência, ainda indefinida, é de que ele busque se reacomodar alguns degraus abaixo, definindo um novo patamar. Por enquanto não há como se visualizar este novo canal. Nossa previsão é de um fechamento entre US$ 65 e US$ 70 o barril no final do ano (no canal anterior, se mantido, o fechamento se daria no intervalo de US$ 72 e US$ 77).
Determinado esse novo canal, as conseqüências para a economia mundial serão: (1) diminuição das pressões sobre o custo de energia e combustíveis em nível global; (2) menor probabilidade de um novo ciclo de alta da taxa de juros nos EUA; e (3) redução da volatilidade observada no mercado financeiro internacional nos últimos meses.Além das naturais conseqüências positivas deste cenário para o Brasil, cabe comentar que o petróleo foi colocado, na última ata do Copom, como um dos principais fatores de inibição do ritmo de redução dos juros (Selic) no Brasil. Logo, sob este novo cenário, reduz-se drasticamente a possibilidade de alta do preço doméstico da gasolina neste ano, removendo-se mais um obstáculo para que a política monetária seja menos restritiva.

15 setembro 2006

É a inflação, estúpido!

Paradigmas podem ser definidos como simples padrões psicológicos; modelos de navegação para nortear o consciente coletivo. Os paradigmas podem ser valiosos e construtivos para a prosperidade coletiva, mas também podem ser perigosos e daninhos quando tomados como verdades absolutas, sem a aceitação de qualquer possibilidade de novas óticas, provenientes de um rearranjo do ângulo da observação.

É extremamente simplista definir binariamente, entre falso ou verdadeiro, ou entre incorreto ou correto, qualquer passagem histórica, seja em seu viés político, econômico, sociológico, antropológico ou qualquer outro. Porém, muitas vezes, certos paradigmas se formam à base da formatação da complexidade em arranjos simplistas. Daí, muitas vezes, meias verdades se tornam estandartes de uma razão absoluta, ou até “falsas verdades” são forjadas em pilares de uma lógica inquestionável. Não são poucas as vezes em que esses perigosos paradigmas ficam registrados nos livros da história, perpetuando erros de diagnóstico. Necessitando ser quebrado mais a frente, por gerações futuras, ou jamais sendo quebrados; o que, tanto num caso quanto noutro, produz algum tipo de perda.

Nem sempre a quebra de um paradigma, por si só, garante que o aprendizado com a lição será perpetuado, e seu lado daninho estará extirpado. O espírito propício para se absorver tal lição, e transformá-la em um ambiente saudável à perpetuação de uma estrutura frutificativa, depende da capacidade de absorção da informação. O que por sua vez depende da capacidade de compreensão da mesma. O que é ainda mais difícil em situações nas quais a percepção do algo errado precisa ser absorvida por um coletivo da sociedade, e não simplesmente por um indivíduo ou por uma parte do organismo social.

Um exemplo para ilustrar o quão complexo é absorver certas lições pode ser tirado do passado recente, político e econômico, dos Estados Unidos. A gestão do presidente George Bush “Sênior”, entre 1989 e 1992, ficou marcada pela geração de um desequilíbrio no orçamento público para financiar a Guerra do Golfo. Terminado o conflito no Iraque, havia um ligeiro descontrole na inflação e um crescente aumento do desemprego. O pai do atual presidente George W. Bush, às vésperas da campanha eleitoral, na qual tentaria reeleger-se, se via enrolado em equacionar estes problemas. Na campanha eleitoral que elegeu Bill Clinton em 1992, ficou famosa uma frase utilizada por seu estrategista, James Carville, e que virou o símbolo de sua emersão à Casa Branca: “It’s the Economy, Stupid!” (É a economia, estúpido!). Usando de uma certa arrogância, mas em uma dose naquele momento necessária para quebrar um paradigma, assim Carville respondeu a um interlocutor atônito que afirmava não conseguir entender como Clinton houvera batido Bush.

No Brasil atual, antes mesmo da conclusão do pleito, já há uma reflexão atônita daqueles que não conseguem entender a iminente reeleição do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. A busca por respostas que acalentem essa atônita reflexão anda produzindo paradigmas perigosos e daninhos. O núcleo do diagnóstico é correto: pelos benefícios proporcionados à população de baixa renda. Já o restante do diagnóstico, de que o poder de compra da camada inferior cresce por conta do sucesso dos programas de distribuição de renda (Bolsa Família e Fome Zero) é equivocado. Com o agravante de que isso pode gerar falsas premissas na formulação de políticas públicas futuras.

O poder de compra da população de baixa renda está relativamente mais elevado porque o seu custo de consumo está baixo. É a baixa inflação que aumenta a sua capacidade de gastos, e não os vale-auxílios, distribuídos pelo Governo Federal através de seus programas sociais, quem o faz.

O IPCA está num nível baixo, de 3,84% acumulado nos últimos doze meses, já sendo inferior, por exemplo, à inflação ao consumidor em doze meses nos EUA, que está acumulada em 4,15%. O IPCA mede a variação dos preços numa cesta de produtos consumidos pelas famílias que recebem até 40 salário mínimos. Os índices de preços que medem a variação em cestas consumidas pelas camadas salariais mais baixas têm variação ainda menor durante este mesmo período. É o caso, por exemplo, do INPC, referente à pesquisa com famílias com rendimentos de até 8 salários mínimos; a variação nos últimos doze meses foi de 2,85%. O preço dos alimentos foi o subgrupo com menor variação neste período.
Com isso, o valor da cesta básica, hoje, em 2006, representa 55% do valor do salário mínimo. Há doze anos, quando lançado o Plano Real, valia 100%. Oito anos depois, em 2002, valia 70% (redução de 30 pontos percentuais). Nos últimos quatro anos, foram reduzidos mais 15 pontos percentuais. Já sobra muito mais salário para ser transformado em consumo de outros bens que há até alguns anos atrás era luxo conseguir
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13 setembro 2006

Juros altos ou inflação alta? O que concentra mais a renda?

É inegável que a condução de uma política de juros altos não favorece a desconcentração de renda. Os serviços financeiros remunerados pela taxa básica são de “acesso restrito” à faixa superior de renda da sociedade, enquanto que a grande maioria das pessoas não tem recursos disponíveis para usufruir desse benefício.
Entretanto, as evidências indicam que elevadas taxas de inflação são mais concentradoras de renda do que os juros altos.
Quando há inflação elevada, estão disponíveis para aqueles que têm acesso ao mercado bancário várias ferramentas de correção monetária. Porém, para aqueles que estão excluído desse mercado, a deterioração do poder de compra é inevitável.
Nos tempos de hiperinflação, todos os que não tinham condições de abrir contas em banco percebiam que seu dinheiro perdia valor de compra de um dia para outro. No final do mês, os produtos estavam 30%, 40%, 50% mais caros, mas a renda recebida no início do mês mantinha-se “congelada”. Rigorosamente, “sobrava cada vez mais mês no final do dinheiro”.
No mundo empresarial, a inflação impunha também uma lógica cruel e concentadora de renda. Sua elevação gerava efeitos perversos sobre a dívida pública, o que levava os bancos, por sua vez, a promover uma captação passiva de recursos para o financiamento dessa dívida. Nesse ambiente, os recursos para crédito tornavam-se escassos, o que penalizava duramente o fomento às micro e pequenas empresas.
No período de descontrole de preços, houve maior concentração de renda do que no período pós-Real, no qual prevaleceram juros altos, mas estabilidade de preços. Isto é visível no coeficiente de Gini, índice utilizado pela Organização das Nações Unidas (ONU) para medir a proporção entre a renda dos mais ricos e a dos mais pobres. Quanto menor, o coeficiente de Gini, menor é a concentração de renda.

Depois da implementação do Plano Real, há visível trajetória de diminuição da desigualdade, que guarda paralelo com movimento semelhante verificado nos anos 70, quando o PIB do país cresceu à taxa de mais de 5% ao ano.
A explicação para este fenômeno tem nome e sobrenome: melhora do poder de compra da população de baixa renda. A estabilidade de preços incide diretamente sobre o custo da cesta básica, aumentando a capacidade de consumo dos quem têm menos renda no bolso.
Uma comparação entre o nível de desiguldade nos últimos dez anos e a proporção entre custo da cesta básica e salário mínimo (aqui utilizado como referência para a medir o poder de compra dos mais pobres) revela como é importante o papel desempenhado pela manutenção do poder de compra da população de baixa renda na redução da desigualdade social no Brasil.
Ou seja, se a proporção da cesta básica frente ao salário mínimo diminui, aumenta o poder de compra das camadas de baixa renda.
O barateamento da cesta básica e o aumento do salário mínimo ainda são as maiores ferramentas de desconcentração de renda no Brasil. E a queda da inflação é ainda o principal vetor para a redução da desigualdade social.
Portanto, é uma “meia verdade” dizer que as políticas sociais ficaram mais eficientes e por isto a desigualdade está caindo. A essência do fenômeno ainda é de caráter macroeconômico. Os efeitos microeconômicos existem, mas em menor escala.Em suma, juros altos são fator de concentração de renda. Porém, inflação alta é fator de concentração de renda ainda maior, e por isso é tão indesejável. Estabilidade não é um capricho econômico, é pré-condição para uma sociedade mais justa.

11 setembro 2006

Inflação sob controle é trunfo para a reeleição de Lula

Os últimos resultados das taxas de inflação ao consumidor no Brasil ratificam um estado de estabilidade, principalmente no que se refere aos preços para aquela que deveria ser o foco de toda e qualquer política econômica: a grande massa de baixa renda.

É o que confirma o Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC), assim como o IPCA, também calculado pelo IBGE, cuja pesquisa coleta dados nas seis maiores regiões metropolitanas do país junto às famílias com rendimentos mensais de até oito salários-mínimos, que acumula variação de 2,85% nos últimos doze meses. O Índice de Custo de Vida (ICV), calculado pelo DIEESE (departamento intersindical) na região metropolitana de São Paulo junto a famílias com rendimentos mensais de até dez salários-mínimos, acumula variação semelhante, de 2,46% nos últimos doze meses. O Índice de Preços ao Consumidor (IPC) calculado pela FIPE na região metropolitana de São Paulo junto a famílias com rendimentos mensais de até vinte salários-mínimos, acumula variação ligeiramente menor, de 2,11% nos últimos doze meses. O Índice de Preços ao Consumidor calculado pela Fundação Getúlio Vargas (IPC-BR) na região metropolitana de São Paulo junto a famílias com rendimentos mensais de até trinta e três salários-mínimos, também acumula variação baixa, de 2,41% nos últimos doze meses. E o IPCA, também calculado pelo IBGE nas seis maiores regiões metropolitanas, só que englobando famílias com rendimentos mensais de até quarenta salários-mínimos, acumula a variação em doze meses mais alta de todos os índices ao consumidor: 3,84%. Porém, o acumulado mais baixo desde junho de 1999.
Todos estes indicadores comprovam que a inflação está sob controle.
A análise dos sub-grupos do IPCA também endossa o argumento de que a estabilidade dos preços é o trunfo eleitoral para a corrida presidencial de Luiz Inácio Lula da Silva. O sub-grupo “mais leve” é alimentos e bebidas, que acumula uma variação nula (0%) nos últimos doze meses. Se há dez anos o pilar do Plano Real era o argumento de que ele permitiu ao pobre ter acesso a um frango mais barato para acompanhar o arroz, o feijão e a farofa nas refeições. Agora este mesmo pobre consegue substituir o frango pela carne ao ritmo da deflação dos alimentos. Eis o milagre da popularidade de Lula!Dentre os demais sub-grupos, ainda destacando o acumulado em doze meses, do “mais leve” para o “mais pesado” na cesta tem-se a inflação de 4,51% na habitação, de 5,68% no vestuário, de 6,20% em transportes, de 6,33% em saúde, de 6,05% na educação e de 6,87% em despesas pessoais.

08 setembro 2006

Cortar gastos na Esfera Federal, incluindo a Reforma na PREVIDÊNCIA, é o passo final de conclusão da REFORMA FISCAL iniciada no Plano Real

Em 1994, quando se criou o Plano Real, a implementação do controle de gastos públicos era crucial para se obter sucesso no combate à hiperinflação. O déficit fiscal então girava em torno de 85% do PIB, sendo: a) 25% de responsabilidade do governo federal e Banco Central; b) 40%, dos governos estaduais e municipais; e c) 20%, das empresas estatais.
No final de 1995, ou seja, dezoito meses após a criação do referido plano, o déficit se reduziu para pouco menos de 8% do PIB, concentrando-se metade nas esferas estadual e municipal, 2,5% no governo federal e Bacen e 1,5% nas empresas estatais.
Com o Programa de Privatizações, o déficit nominal das estatais se transformou em superávit. Hoje, novas privatizações não são mais um fator emergencial. Com a Lei de Responsabilidade Fiscal, colocou-se “rédea” no déficit em estados e municípios, o qual representa hoje menos de 1% do PIB. Falta apenas equacionar as contas no âmbito federal.
O déficit do governo federal hoje é de mais de R$ 80 bilhões ao ano, sendo que metade corresponde à diferença entre receita e despesa da Previdência Social Pública.
Nos últimos doze meses, o Brasil gerou um resultado primário que foi superavitário em quase R$ 90 bilhões (4,33% do PIB). Conceitualmente, esse resultado primário é fruto da dedução do pagamento de juros do resultado nominal. Como os juros pagos foram de R$ 160 bilhões, as finanças públicas (de âmbito federal, estadual e municipal) produziram, nesses período, um déficit nominal de R$ 70 bilhões (3,6% do PIB).
À título de exercício, se de tal déficit (de R$ 70 bilhões) fosse deduzido o déficit da Previdência (R$ 40 bilhões), o resultado nominal seria negativo em R$ 30 bilhões (1,6% do PIB). Ou produziria um superávit primário de 6,3% do PIB!
É claro, portanto, que uma Reforma da Previdência teria contribuição relevante para melhor ajuste das Contas Públicas no Brasil. Mas isso não significa que se deva parar por aí. Para o alcance de pleno equilíbrio nas finanças públicas nacionais será necessário também realizar cortes de gastos, de caráter amplo e irrestrito, na esfera federal
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05 setembro 2006

Desenvolvimento Sustentável

Rating, Governança e Sustentabilidade
Por Gustavo Pimentel:

Em 1982, a Manville Corporation, empresa americana da área de materiais de construção, pede concordata na Corte de Falências de Nova Iorque. O que poderia parecer muito comum para um mercado desenvolvido como o americano, onde a falência é um risco associado ao capitalismo, se tornaria um caso emblemático, já que a empresa tinha um rating A, considerado investment grade, atribuído pela agência Moody´s, que foi subitamente rebaixado para um D (Default). O desastre financeiro ocorreu em consequência da ação de responsabilidade civil por danos sócio-ambientais causados pela fabricação e venda de produtos a base de amianto.