O Retrato de um País Dividido
Em 1976, o economista Edmar Bacha criou a expressão “Belindia” para ajudar na compreensão da complexidade e da diversidade, política e econômica, existente dentro do Brasil. Avaliando o nível de desenvolvimento sócio-econômico das meso regiões brasileiras, com base no IDH, concluiu que havia dois “Brasis”, um com padrões similares à Bélgica, outro com padrões mais próximos ao da Índia.
Talvez, depois da divisão “economicista” de Bacha, em nenhum outro momento da história brasileira ficou geograficamente tão explícita, como ficou nesta eleição presidencial, a extremização de pólos opostos dentro do Brasil.
O mapa abaixo mostra isso. Em azul estão os estados onde Geraldo Alckmin recebeu mais votos. Em bege, os estados nos quais Luiz Inácio Lula da Silva foi agraciado com maior votação. À exceção de Roraima, uma “ilha alckmista” no extremo norte, na fronteira com a Venezuela, poder-se-ia passar uma “fronteira imaginária”, em diagonal, dividindo duas visões completamente distintas no que tange à compreensão de Brasil.
A “metade alckmista” concentra o maior centro econômico do Brasil (São Paulo), a região com melhor distribuição de renda e acesso à educação (os três estados da região Sul), o alto escalão do Serviço Público (Brasília) e o corredor do agronegócio (região de fronteira com o Paraguai, a Bolívia e a floresta Amazônica).
A “metade lulista” engloba a maior parte do Norte, todo o Nordeste, Minas Gerais e Rio de Janeiro.
Dividindo o País, há dois pesos na balança. De um lado o viés econômico associado à divisão de renda: houve aumento do poder de compra das camadas inferiores da pirâmide social nos últimos quatro anos, catalisado pela combinação do aumento mais expressivo do salário mínimo nos últimos 25 anos e a baixa inflação, sobretudo no que se refere ao custo de alimentos, que variaram só 2% em 2005 e começaram este ano em deflação. Isso levou o custo da cesta básica a cair de 70% para 55% do valor do salário mínimo entre 2002 e 2006.
Do outro lado o viés político, associado a escândalos de corrupção como uma agravante ameaça à democracia. Nos últimos dois anos emergiram suspeitas, envolvendo membros da cúpula do Governo, de compra de votos de deputados no Parlamento, de desvio de verba pública para dentro do partido do Presidente e de falsificação de provas contra candidatos opositores na corrida eleitoral.
A divisão geopolítica do País nas urnas demonstra como cada uma das partes equilibrou esses dois lados da balança e definiu o viés de seu voto.
Há outros fatores econômicos que também contribuíram a essa divisão. Um dos principais é a taxa de câmbio sobrevalorizada, que deflacionou os preços no atacado e permitiu o encolhimento da inflação, mas, por outro lado, também prejudicou os setores voltados ao mercado externo, sobretudo do eixo Centro-Sul, onde Alckmin ganhou mais votos.
O fato é que o segundo turno já está consumado e, no entender da RC Consultores, as implicações associadas à sua realização são positivas, uma vez que se favorecerá a melhor compreensão de onde haverá pontos de mudança na agenda econômica. Agora, há uma tendência a um debate mais amplo, com ambos os programas de governo mais expostos à reflexão do eleitor.
Talvez, depois da divisão “economicista” de Bacha, em nenhum outro momento da história brasileira ficou geograficamente tão explícita, como ficou nesta eleição presidencial, a extremização de pólos opostos dentro do Brasil.
O mapa abaixo mostra isso. Em azul estão os estados onde Geraldo Alckmin recebeu mais votos. Em bege, os estados nos quais Luiz Inácio Lula da Silva foi agraciado com maior votação. À exceção de Roraima, uma “ilha alckmista” no extremo norte, na fronteira com a Venezuela, poder-se-ia passar uma “fronteira imaginária”, em diagonal, dividindo duas visões completamente distintas no que tange à compreensão de Brasil.
A “metade alckmista” concentra o maior centro econômico do Brasil (São Paulo), a região com melhor distribuição de renda e acesso à educação (os três estados da região Sul), o alto escalão do Serviço Público (Brasília) e o corredor do agronegócio (região de fronteira com o Paraguai, a Bolívia e a floresta Amazônica).
A “metade lulista” engloba a maior parte do Norte, todo o Nordeste, Minas Gerais e Rio de Janeiro.
Dividindo o País, há dois pesos na balança. De um lado o viés econômico associado à divisão de renda: houve aumento do poder de compra das camadas inferiores da pirâmide social nos últimos quatro anos, catalisado pela combinação do aumento mais expressivo do salário mínimo nos últimos 25 anos e a baixa inflação, sobretudo no que se refere ao custo de alimentos, que variaram só 2% em 2005 e começaram este ano em deflação. Isso levou o custo da cesta básica a cair de 70% para 55% do valor do salário mínimo entre 2002 e 2006.
Do outro lado o viés político, associado a escândalos de corrupção como uma agravante ameaça à democracia. Nos últimos dois anos emergiram suspeitas, envolvendo membros da cúpula do Governo, de compra de votos de deputados no Parlamento, de desvio de verba pública para dentro do partido do Presidente e de falsificação de provas contra candidatos opositores na corrida eleitoral.
A divisão geopolítica do País nas urnas demonstra como cada uma das partes equilibrou esses dois lados da balança e definiu o viés de seu voto.
Há outros fatores econômicos que também contribuíram a essa divisão. Um dos principais é a taxa de câmbio sobrevalorizada, que deflacionou os preços no atacado e permitiu o encolhimento da inflação, mas, por outro lado, também prejudicou os setores voltados ao mercado externo, sobretudo do eixo Centro-Sul, onde Alckmin ganhou mais votos.
O fato é que o segundo turno já está consumado e, no entender da RC Consultores, as implicações associadas à sua realização são positivas, uma vez que se favorecerá a melhor compreensão de onde haverá pontos de mudança na agenda econômica. Agora, há uma tendência a um debate mais amplo, com ambos os programas de governo mais expostos à reflexão do eleitor.
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