Há trinta dias, eu, quase que solitariamente, defendia que era o mais provável o Copom cortar 0,5 ponto
Na ata divulgada em 27 de julho o termo a inserção do "maior" antes da já tradicional "parcimônia" assustou grande parte do mercado. As projeções foram refeitas, passando a considerar um corte de 0,25 p.p. ante à expectativa anterior de 0,5 p.p. Eu fiquei quase que solitário na defesa de que ainda prevalecia como mais provável o corte de meio ponto.
A opinião ficou registrada nas colunas de Luiz Sérgio Guimarães, no jornal Valor Econômico, de 28 de julho e 31 de julho:
28/07: "Marcel Pereira, economista-chefe da RC Consultores, fez uma leitura da ata diferente da maioria dos seus pares. O cenário traçado pelo documento foi, na sua visão, tão benigno que não resta dúvida a respeito da continuidade do ritmo de corte da Selic em 0,50 ponto."Também não é para menos: a inflação brasileira acumulada nos 12 meses encerrados em junho passou a ser de 4,03%, estando menor do que a variação da inflação americana (IPC) no mesmo período, que foi de 4,22%", compara Pereira. Pelos seus cálculos, desde o biênio 1947-1948, o Brasil não tinha uma inflação menor que a verificada lá".
31/07: "Para firmar o consenso de que a taxa recuará apenas de 14,75% para 14,50% no dia 30 de agosto, as instituições se basearam num detalhe, pequeno mais significativo, depois que foi decifrado o código usado pelo BC para indicar desacelerações no ritmo de afrouxamento: se vai brecar a queda, ele junta "maior" à "parcimônia", mas se pretende manter a intensidade do desaperto tira o "maior", só deixa parcimônia. A última ata fala em "maior parcimônia". Mesmo assim, apenas o economista-chefe da RC Consultores, Marcel Pereira, notou que o "maior parcimônia" sofreu agora uma atenuação. No parágrafo em que aparece o código de intenções, ao invés do simples "pode" empregado nas atas anteriores apareceu um "poderá demandar", um condicionante futuro desconhecido do mercado. "A conjugação do termo negativo está no futuro e numa relação causal: poderá demandar se piorar", interpreta Pereira".
A análise se concretizou em fato. Ontem, 30 de agosto, o Copom anunciou a redução da taxa Selic de 14,75% ao ano para 14,25% ao ano.
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